27 de abril de 2009

Suíte High Tech

Aquela faixa enorme, gigantesca, na entrada camuflada, assustava e dava margens a diversas interpretações.

Comecei a me imaginar numa noite, sozinho, sem nada pra fazer. Poxa! Uma suíte high tech, tem que oferecer, no mínimo, uma companheira, ou um companheiro para as senhoras, de alta tecnologia. Coisa de ponta, mesmo.

Então, resolvo ir conferir.

– Boa noite!

– Boa noite senhor! – Em que posso lhe ajudar?

– Gostaria de usar a suíte High Tech.

– Pois não! – O senhor está só ou acompanhado?

– Estou só! Bem, tem a minha mão mas acho que essa não conta.

– Está certo senhor. Existirá taxa extra, que dependerá das suas escolhas. Que tipo de companhia o senhor prefere?

– Como assim?

– Comer não, aqui o senhor apenas escolhe. Temos loira, ruiva, seios fartos, nádegas grandes, tipo melancia, uva, abacaxi ou outra fruta qualquer. Floresta densa, cerrado, bigodinho ou deserto completo, o senhor decide. Temos também gays, casais, velhinhos e velhinhas. Aqui o freguês manda! – Senhor, senhor! Está me ouvindo?

– Sim, sim! Estava imaginando a mulher abacaxi! Vocês tem um papel para que eu possa fazer a minha montagem? – Ouvi ele cochichando para o colega: “Hii! Esse é daqueles indecisos”

– Perfeitamente! Temos, também, diversos acessórios. Gostaria de conhecê-los?

– Porque não? Estou aqui mesmo! Vamos lá! O que vocês têm?

– Temos banheira de ondas; tocador automático, que pode ser sem limite ou com fichas; máquina de café expresso; tipos variados de infláveis; vibradores, do tipo simples, duplo, triplo e quádruplo; parede de pedra para escaladas – fiquei pensando em como o sujeito transa, enquanto escala, ou o inverso.

– É só!

– Não, senhor. Temos os acessórios de apoio, como a TV de 52 polegadas com Home Theater, cama vibratória de 5 velocidades e 3 posições, fantasias do Robocop, Super-homem, National Kid, Battman, Robin, Flash, alguns políticos, além de um modelador instantâneo.

– Modelador o quê?

– Instantâneo senhor! Se quiser alguma fantasia que não esteja disponível, basta inserir a foto da pessoa, que o equipamento gerará a fantasia desejada. — Pensei, “imagine colocar a foto de um chefe ou um desafeto”!

– Estou gostando! O que tem mais?

– Senhor, temos tantos — o senhor aceita um café? —, tantos itens disponíveis, fora aqueles que podem ser desenvolvidos pela nossa equipe de design e oficina. Além disso …

– Quando eu dei por mim, eu já estava ali, apenas pra escolher o que eu queria, há mais de 3 horas. O sono já começa a incomodar. E o atendente não parava de explicar.

– Temos também babás de várias nacionalidades que poderão colocá-lo pra dormir.

– Sei! Sei! Meu amigo, vou deixar pra outro dia, pois hoje nada mais sobe. — Eu já sei! Vocês tem um acessório para essa situação, mas hoje, realmente, não vai dar.

– O senhor decide. Aqui está a sua conta.

– Conta? Que p.... de conta é essa? Só por causa do café?

– O café, o tempo que eu fiquei lhe explicando. Sim, pois sou engenheiro e administrador por Harvard, com pós-doutorado em SCFS (Sistemas Cibernéticos com Foco na Sacanagem).

– Sacanagem é que vocês estão fazendo comigo!

– Infelizmente senhor, está tudo nas regras que senhor recebeu.

– Que regras?

– Essas que o senhor colocou no banco ao lado.

Nessa altura, eu já cheio de sono, não queria saber de mais nada e já tinha entendido que não ia dar pra discutir com o sujeito. Ou eu pagava ou … eu pagava. Não tinha saída.

Ainda por cima veio com a merda da taxa de serviço. Que serviço?

As morais dessa historinha, que podemos tirar:

“Se você não sabe direito pra que serve um produto de “alta tecnologia”, deixe os outros experimentarem primeiro. Depois você usa.”

“Numa noitada, se estiver sozinho, fique em casa lendo um bom livro. É mais tranquilo e mais barato.”

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